Não se apaixone.
09:05
Eu disse ao meu coração: não se apaixone. Soando como uma ordem, alavancada a um sentimento profundo e repleto de certezas, “não se apaixone” me dei o trabalho de repetir. E ele não ouviu. Como se todas as minhas palavras não passassem de um mero zum zum zum, algo que incomodando de leve e sendo ignorado com facilidade. Se eu juntasse mil razões contrárias para não me entregar, duas mil palavras a favor ele me daria. Tão tolo, pobre coração. Batia cada vez mais rápido, a ritmo de escola de samba. Não se apaixone… Ah aquele amor que cegava, contornando cada curva, brincando pelas pilastras e atingindo em cheio o lado esquerdo do peito.
Lembro quando ele me dizia coisas que me faziam ir até o céu, os elogios escapavam de seus dedos, uma mensagem de texto era suficiente para que um sorriso surgisse e fosse capaz de iluminar a cidade inteira. Nunca, nunca ninguém no mundo tinha feito eu me sentir tão especial. Era como se tudo se encaixasse, eu e ele peças de um quebra cabeça. Parecia ser alguma parte retirada de um livro, cena de filme, inspiração de música quem sabe. Até da minha série favorita ele gostava. Quando ele ouvia aquele mpb que não saia da minha playlist das mais tocadas, ele sempre dizia que combinava comigo. Uma música tão delicada, o ritmo leve e solto dançando pela melodia. Tudo tão encantador que era impossível julgar o que eu estava sentindo, mas como poderia me recriminar quando ele me colocava do avesso e me fazia sentir inteira?
Eu dormia pensando nele e acordava do mesmo jeito. Aqueles meses em que estivemos juntos, se resumiu ao nosso pequeno infinito. O que vinha de fora não interessava, não atingia e muito menos incomodava. Eram horas de conversa a fio, o assunto nem se quer acabava, sentíamos a necessidade de falar mais e mais.
Nosso primeiro encontro foi bem estranho, dominados pela vergonha caminhamos por um bom tempo até que em um momento ele me puxou para um abraço apertado que logo se transformou em um beijo. Naquela hora parecia que o mundo ia parar. Era como se tudo estivesse em seu devido lugar. Quando ele me girou, embora nós não estivéssemos dançando, bem no meio da rua, meu peito se encheu de algo que eu não poderia explicar. E aquele dia fui embora feliz para casa, com a certeza que por mais que eu dissesse “não se apaixone”, já era tarde demais.
2 comentários
Que texto lindo. Adorei teu blog flor, queria aproveitar e te convidar para conhecer meu blog, espero que goste bjoss
ResponderExcluirhttp://belezacustomizada.blogspot.com.br/
Olá, muito obrigada e volte sempre!
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